A COP 30, conferência climática da ONU, será realizada em Belém do Pará entre os dias 10 e 21 de novembro. Desde o anúncio da cidade como sede, surgiram preocupações sobre infraestrutura, custos e impactos ambientais. A COP 30 tornou-se um símbolo de contradições: enquanto discute soluções sustentáveis, enfrenta críticas por obras que desmatam a Amazônia e excluem populações locais. Portanto, é essencial entender os desafios que cercam esse evento global.
Infraestrutura precária compromete a COP 30
A realização da COP 30 em Belém escancarou a fragilidade da infraestrutura urbana da cidade. O estado do Pará apresenta indicadores alarmantes: falta de saneamento básico, saúde pública precária e um dos piores IDHs do país. No entanto, o governo federal tem investido bilhões em obras emergenciais para maquiar a realidade local. A expansão do aeroporto, revitalização do porto e melhorias na mobilidade urbana são algumas das ações em curso. Em primeiro lugar, essas medidas visam garantir condições mínimas para receber delegações internacionais, mas levantam dúvidas sobre sua eficácia e legado.
Hospedagem e exclusão social na COP 30
Outro ponto crítico da COP 30 é o alto custo da hospedagem. Hotéis em Belém têm cobrado até 15 vezes mais do que o valor habitual, o que limita a participação de países menos desenvolvidos. Para contornar o problema, o governo propôs alternativas como navios cruzeiros, conexões com Airbnb, escolas, igrejas e uma “Vila COP” modular. No entanto, essas soluções não resolvem o cenário de exclusão social e logística. A frase do presidente Lula — “Se não houvesse hotéis disponíveis, eles deveriam dormir sob as estrelas” — ilustra o tom controverso da situação.
Impacto ambiental contradiz objetivos da COP 30
A construção da Avenida Liberdade, uma estrada de 13 km que atravessa área protegida da Amazônia, é um dos projetos mais polêmicos ligados à COP 30. Embora planejada antes da escolha da cidade como sede, sua execução contradiz os princípios da conferência. Portanto, a COP 30 corre o risco de se tornar um evento marcado por incoerências entre discurso e prática. A comunidade internacional já demonstra preocupação com os danos ambientais e a falta de transparência nas obras emergenciais.
COP 30: entre promessas e desconfiança
A promessa de legado da COP 30 para os paraenses lembra os compromissos não cumpridos da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Em primeiro lugar, é preciso questionar se os investimentos realmente beneficiarão a população local ou apenas servirão para encobrir deficiências estruturais. O Brasil insiste que “não há plano B”, mas a pressão internacional aumenta. Portanto, a COP 30 pode se tornar um marco de oportunidades perdidas, caso não haja mudanças significativas na condução do evento.