
Desafios logísticos da COP30 vêm gerando fortes críticas à organização da conferência, especialmente quanto à hospedagem em Belém (PA). A exigência de acomodações caras e limitações na infraestrutura foram abordadas por Richard Muyungi, vice-presidente do Bureau da UNFCCC, em entrevista ao Valor Econômico. O debate revela preocupações sérias quanto à inclusão multilateral e ao sucesso da conferência.
Acomodação limitada põe em xeque a COP30
Em primeiro lugar, o número de acomodações disponíveis é insuficiente frente à estimativa de participantes. Com apenas 30 mil quartos para cerca de 50 mil pessoas, a proposta atual de hospedagem exige pagamento mínimo de US$ 100 por diária. Muyungi defende que opções mais acessíveis precisam estar disponíveis para garantir equidade e participação ampla.
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Exclusão de delegações vulneráveis
No entanto, a obrigatoriedade de pagamentos antecipados e permanência mínima de 10 dias são barreiras à presença de ONGs e países em desenvolvimento. Muyungi destaca que nações africanas sem litoral rejeitam hospedagem em cruzeiros por questões culturais e operacionais. A possível saída antecipada dos navios antes do encerramento da COP agrava ainda mais os riscos de descontinuidade.
Falta de transparência nos custos
A disparidade de preços, chegando até US$ 600 por diária, e a ausência de critérios claros para as tarifas preocupam. Segundo Muyungi, a diária oficial da ONU para Belém é de US$ 143. Acima desse valor, pouco sobra para alimentação e transporte, especialmente para delegados de países com menos recursos financeiros.
Repercussões para o multilateralismo climático
A COP30 é crucial para a definição da meta global de adaptação e do roadmap Baku-Belém de US$ 1,3 trilhão. Portanto, exclusões logísticas põem em risco decisões estratégicas. A próxima reunião do Bureau, marcada para 14 de agosto, será determinante para avaliar se Belém continua sendo uma opção viável.
Palavra-chave principal: desafios logísticos da COP30
Os desafios logísticos da COP30 não são apenas questões operacionais — refletem o compromisso político com a inclusão. Caso a estrutura de Belém não seja ajustada, Muyungi propõe considerar outras cidades brasileiras para garantir a presença de todos os grupos.
Link externo válido: Se COP30 não for inclusiva em Belém, desejamos outro local, diz líder dos países africanos
Créditos e Referências: Fonte: Valor Econômico, Richard Muyungi, https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/08/03/se-cop30-nao-for-inclusiva-em-belem-desejamos-outro-local-diz-lider-dos-paises-africanos.ghtml, Acesso em 05/08/2025