
Introdução
O Brasil tem sido impactado de forma significativa por megassecas, fenômeno climático caracterizado pela escassez severa de água por períodos superiores a dois anos. De acordo com um estudo publicado na renomada revista científica Science, o país aparece duas vezes entre as regiões mais afetadas globalmente entre 1980 e 2018. O levantamento confirma uma tendência preocupante e destaca o agravamento das condições climáticas extremas no território brasileiro.
Megassecas: Um Fenômeno em Expansão
A pesquisa analisou mais de 13 mil eventos de megasseca entre 1970 e 2018, revelando um aumento na frequência e intensidade do fenômeno. O estudo é corroborado pelo mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que alerta para a intensificação das secas no Brasil e em outras partes do planeta.
A megasseca de 2024, considerada a mais severa e abrangente já registrada no Brasil, afetou aproximadamente 60% do território nacional. Esse agravamento está diretamente ligado a fatores como:
- Aquecimento global: O aumento da temperatura média global intensifica a evaporação da água e reduz a umidade do solo.
- Desmatamento: A destruição de florestas, especialmente na Amazônia, compromete o ciclo hidrológico e reduz a capacidade de retenção de umidade no ecossistema.
- Eventos climáticos extremos: Fenômenos como El Niño alteram os padrões de precipitação, potencializando períodos prolongados de seca.
Regiões Brasileiras Mais Afetadas
O estudo destaca duas áreas do Brasil entre as dez mais atingidas por megassecas no mundo:
1. Amazônia Sul-Ocidental (7ª mais grave do mundo)
- Compreende partes dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, além de trechos da Bolívia e do Peru.
- Enfrentou uma das megassecas mais devastadoras entre 2010 e 2018, prejudicando ecossistemas, populações ribeirinhas e a biodiversidade.
2. Região Leste do Brasil (9ª mais severa do mundo)
- Abrange os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
- Sofreu com uma seca intensa entre 2014 e 2017, impactando o abastecimento de água, a agricultura e a geração de energia hidrelétrica.
Além dessas regiões, o Pantanal também figura entre os biomas mais afetados. Em 2023, a área coberta por água no bioma sofreu uma redução de 61% em relação à média histórica desde 1985. A Amazônia, por sua vez, registrou um aumento de 2.000% na área afetada por seca extrema entre 2023 e 2024.
Consequências e Perspectivas Futuras
As megassecas trazem impactos devastadores para a economia, o meio ambiente e a qualidade de vida da população. Entre os principais efeitos, destacam-se:
- Crise hídrica: Redução do nível de reservatórios e rios, afetando o abastecimento urbano e a produção agrícola.
- Incêndios florestais: O solo seco e a baixa umidade aumentam a propagação de queimadas, prejudicando biomas inteiros.
- Perdas econômicas: Setores como agropecuária e energia hidrelétrica sofrem prejuízos significativos.
Com o avanço das mudanças climáticas, especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas voltadas à mitigação da seca. Medidas como reflorestamento, gestão eficiente de recursos hídricos e redução da emissão de gases de efeito estufa são essenciais para conter o agravamento do fenômeno.
Conclusão
O Brasil enfrenta desafios crescentes no combate às megassecas, com impactos diretos sobre sua economia, biodiversidade e segurança hídrica. A presença do país no ranking global das regiões mais afetadas reforça a urgência de ações para a preservação ambiental e a adaptação às mudanças climáticas. Sem medidas eficazes, a tendência é de agravamento das secas extremas nos próximos anos.